domingo, 10 de abril de 2011

Domingos de corrida - 1000 Miglia em Balneário Camboriú

Aeee, o GP da Malásia acabou agora pouco e apesar de mais uma vez esperar mais da corrida, não posso dizer que ela não foi interessante. Mesmo sendo um pouco frustrante a RBR com o Vettel sendo putaqueparivelmente ignorantes, ver a Ferrari e suas partaquadas nos pits e Alonso se fudendo um pouco pra variar anima qualquer um! Sem falar que a Renault-Lotus tá surpreendendo, e apesar de seus pilotos serem medianos, o carro parece ser rápido e tão consistente quanto os de ponta, pena não podermos ver o que Kubica faria com ele esse ano.
Mas deixando o mundo das corridas reais, vamos nos concentrar no game de hoje: 1000 Miglia - Great 1000 Miles Rally.

Santa e bela Catarina
O período de férias é sempre uma diversão quando se é criança e acredita-se que a escola é um martírio insuportável e nossos pais seres maquiavélicos por nos mandarem para aquele inferno diariamente. Pra quem mora em pequenas cidades do interior, as férias são ainda mais atraentes porque podem vir acompanhadas de viagens para grandes centros ou o litoral. É o meu caso, nos meus tempos de jovem púbere, costumava passar os períodos de férias em praias do litoral paulista e catarinense. Um dos destinos era Balneário Camboriú em Santa Catarina, e é claro que o grande atrativo era a praia em si, porém outras atrações sempre permitiam continuar a diversão mesmo depois que o pessoal do futebol de areia tomasse conta da orla após as cinco horas.

Uma dessas atrações eram os arcades, que na naquela época a gente chamava de
fliperama, não que não tivesse fliperamas na minha cidade, até tinham, mas comparados ao que se viam por lá, podíamos chama-los pelo termo técnico de xexelentos.

Não vou conseguir lembrar o nome do fliperama que eu costumava ir, mas sei que ficava na Avenida Brasil, paralela a Avenida Atlântica e era, aos meus inocentes e infantes olhos, o lugar mais fodásticamente foda que existia! Logo na entrada a direita tinhamos uma enorme máquina de Mortal Kombat II com uma telona gigante e do outro lado Mad Dog McCree com uma tela igualmente grande e visuais embasbacantes (porra! A gente atirava em pessoas de verdade caralho!). Acho que minha fascinação por Mad Dog vem mais disso do que pelo game em si.

Mas deixemos isso de lado, falemos do game que é o assunto do tópico, nesses arcades grandões sempre haviam as máquinas mais populares onde todo mundo fica em volta e aquelas do fundão, nos cantos mais escuros e geralmente desligadas para economizar luz. Como era férias e aquela porra tava sempre cheia, entrar na fila para um Street Fighter ou Tartarugas Ninja era meio frustrante, então comecei a passear pelo local experimentando os games menos populares, até que cheguei em uma máquina de aparencia normal como todas as outras, mas que possuia um volante ao invés do manche e um pedal na sua base, tava desligada e perguntei pro cara do balcão se funcionava, ele disse que sim e perguntou se eu queria jogar. Foi sua pior viagem, depois daquilo foram todos os dias das minhas férias com ele tendo que ir lá no fundão ligar a dita cuja.

1000 Miglia não tinha nada de espetacular, gráficos simples, visão isométrica e controles que apesar de precisos, eram um pouco desconfortáveis (afinal, quem diabos dirige em pé?), mas mesmo assim me cativava. É claro que era o tradicional papa-fichas, uma batidinha e lá se foi o seu tempo, uma apelação do caralho, mas acho que esse é o barato dos games de corrida,  por mais dificil que seja, o desafio sempre se renova, pelo simples fato de querer ser mais rápido e conseguir a volta perfeita.

O jogo, desenvolvido pela Kaneko, trata-se, como eu disse, de um game de corrida com visão isométrica, do mesmo tipo de Rock n' Roll Racing ou Biker Mice from Mars, apesar de não serem atraentes pela sensação de velocidade que proporcionam, esses games sempre me divertiram pela sua jogabilidade e visual. 1000 Miglia tinha gráficos que apesar de simples, retratavam com perfeição a sensação de uma corrida das décadas de 30, 40 e 50, que é o período automobilistico que o game aborda. Estradas rurais em meio a campos verdes, trechos urbanos com pistas feitas de pedras e obstáculos pela pista como caminhões com fardos de feno para amortecer as batidas, que não amorteciam nada e ajudavam a aumentar o fogo quando algum tanque explodia, mas enfim, os caras daquela época eram loucos mesmo.

A jogabilidade como eu disse, apesar de cansativa pelo posição como ficávamos para "dirigir", era bastante precisa, na verdade games de corrida desse tipo dificilmente são imprecisos na jogabilidade, já que temos um campo de visão bem amplo o que facilita o tempo de reação. O som não tinha nada demais, apenas o barulho do motor e efeitos sonoros sem música.

O mais legal era sem dúvidas os carros, todos maravilhosos modelos da época como Porsche 550A, Ferrari 250 GTO, Bugatti T59 e Mercedes 300 SLR, entre outros.

Curiosidades

Todos os carros do game respeitam as cores de seus países de origem. Pouca gente sabe, mas antigamente adotavam-se cores específicas para cada carro conforme seu país de origem. Italianos eram vermelhos, ingleses verde-escuro ou o famoso British Racing Green, franceses eram azuis chamado pelos galeses de Bleu de France e Alemanha prateados, isso só pra citar os mais tradicionais, para mais informações confira esse link da Wikipédia.

Os alemãs na verdade, eram originalmente brancos, porém numa corrida dos anos 50, um carro da Mercedes estava acima do peso e para deixá-lo mais leve rasparam toda a pintura deixando apenas a lataria prateada, o que acabou virando uma tradição nos carros alemães deixa-los apenas com a lataria sem pintura, por  isso são chamados Silver Arrows.

O game é baseado no Mille Miglia um evento automobilistico real de endurance que ocorreu anualmente de 1927 até 1938 e posteriormente após a Segunda Guerra Mundial de !947 a 1957. As corridas eram disputadas na Itália, no trecho entre as cidades de Brescia e Roma.

Memorial às vítimas do acidente de 1957

O evento foi banido do calendário mundial depois de dois terriveis acidentes tirarem a vida dos pilotos Joseph Göttgen e Alfonso de Portago e seu co-piloto/navegador Edmund Nelson. No acidente de Portago, parte da plateia foi atingida e nove expectadores do vilarejo de Guidizzolo morreram, cinco eram crianças.

Bom acho que é só isso mesmo, apesar de não ser um game conhecido da maioria, e nem mesmo um primor do estilo, ele marcou minha infancia e pré-adolescencia e por isso quis dividir com o pessoal que talvez não conheça essa pequena jóia dos bons tempos dos arcades que eram chamados de fliperama.
Espero que tenham gostado e até a próxima corrida!


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