sábado, 4 de dezembro de 2010

ESPECIAL - "E se ..."

"... o Nintendo 64 usasse CD's?"

Muita gente gosta de imaginar o que teria acontecido se a Nintendo não tivesse cancelado seu acordo com a Sony na produção do drive de CD’s para o Super Nintendo. Muitos concordam que isso poderia ter causado inúmeros acontecimentos que certamente repercutiriam no mercado de games de hoje em dia e que muito provavelmente as coisas seriam diferentes atualmente. Porém, a maioria parte do principio que a parceria teria dado certo levados pelo sucesso que o PlayStation alcançou no mercado e com isso divagam em como seriam os games do Super Nintendo se o periférico de fato tivesse sido lançado, imaginando algumas séries aclamadas como Donkey Kong Country ou The Legend of Zelda em versões grandiosas, rodando numa mídia de alta capacidade como o CD.

Outros tantos aproveitam para dar uma tirada na Big N, dizendo que os executivos da empresa devem se arrepender até hoje da decisão de cancelar o projeto. Talvez nesse ponto eles possam ter alguma razão, pois cortando relações com a Sony, esta acabou por lançar sua própria plataforma e com isso tirou a
liderança do mercado da Nintendo por duas
gerações, de certa forma eles acabaram criando um monstro.

Porém como eu disse, baseando-se no sucesso do PSX a maioria das pessoas parte do pressuposto que o periférico seria igualmente um sucesso. Mas e se não tivesse sido assim?

SNES Disc Drive - Sucesso ou fracasso?

Primeiramente, deve-se levar em conta que o drive de CD do Super Nintendo seria um periférico do console, ou seja, teoricamente ele não teria autonomia se não estivesse conectado ao SNES. Dessa maneira devemos nos lembrar que por mais poderoso que o periférico fosse ele sempre estaria de certa forma “limitado” ao processamento do console de 16 bits. Imaginar um Star Fox 2 com duas ou três vezes mais polígonos que o antecessor, ou até mais só por que o CD permitia uma alta capacidade de armazenamento é um erro, pois seria necessário um hardware capaz de processar essa “enorme” quantidade de polígonos. Portanto antes de crucificarmos a Nintendo por não ter seguido adiante com o projeto, devemos analisar se de fato este tinha chances de ser bem sucedido.

Todos sabem que o Sega CD teve alguns ótimos títulos e com isso acrescentou bastante qualidade ao currículo do Mega Drive e de maneira muito mais eficiente que o 32X, diga-se de passagem. Porém, mesmo assim o periférico não durou muito. Vários fatores são atribuídos como causa deste fato, mas podemos dizer que pode ter sido justamente a mídia de CD o principal problema que levou ao fim do aparelho. Isso porque se tratava de uma tecnologia que na época ainda engatinhava, é claro que a mídia em si já era bem conhecida, porém ainda estava no inicio de seu uso nos games e, portanto, ainda carecia de dispositivos mais bem adequados como leitores mais rápidos e tecnologia mais acessível e, por conseguinte mais barata.

Também se deve levar em conta que os próprios desenvolvedores de jogos ainda estavam se adequando às novas possibilidades do CD, de fato o que geralmente víamos eram games em sua maioria 2D ou com efeitos que simulavam 3D, como normalmente se viam em consoles de cartuchos, mas com algumas cenas aqui e ali de anime ou animações em CG (geralmente toscas). O único item que de fato tinha uma melhora significativa com relação aos cartuchos era o som, porém era necessário que a trilha sonora do game fizesse jus a qualidade que o CD podia oferecer.

Pois bem, o Sega CD fez um enorme barulho no seu lançamento, tinha bons games iniciais e muitos já apostavam que o CD era a tecnologia que dominaria o futuro próximo. Mas passando-se o furor inicial do lançamento o periférico da Sega começou a dar os primeiro sinais de declínio, pois os jogadores começavam a questionar se apenas as tais cenas de animação adicionadas nos mesmos games vistos nos cartuchos valiam o investimento. Além disso, existia um fator crucial que depunha contra os CD’s, a pirataria.

Não tinham perna-de-pau nem olho de vidro, mas assustavam do mesmo jeito!

Todos sabem que a Nintendo simplesmente abomina os colegas de Jack Sparrow, não sem razão, na década de 80 foi feito um levantamento e apurou-se que a Nintendo já teria perdido bilhões de dólares para a pirataria em todo o mundo. Falar em bilhões de dólares na década de 80 causava muito mais impacto do que hoje em dia, afinal cifras daquela época praticamente triplicam se convertidas para valores atuais, imagine a reação da empresa ao saber da montanha de dinheiro que perdia pelo mundo. Sim eu sei, oficialmente o fim do acordo entre Sony e Nintendo foram questões de direitos sobre a distribuição e etc., mas convenhamos, eles podiam ter sentado e conversado sobre isso e se realmente quisessem teriam chegado a um acordo.

O fato é que a Nintendo não estava gostando nada da facilidade com que se podia copiar um game em CD, e estava louca por um motivo pra abandonar o barco. Não é que os executivos da Nintendo não confiassem na mídia em CD, eles confiavam, mas desconfiando. Por isso ainda fizeram uma outra tentativa, com a Philips e o CDi, mas dessa vez não se esforçaram tanto, talvez desencorajados pela primeira tentativa frustrada, ou então pela crescente queda de interesse do público pelo drive da Sega, ou ambos, além dos senhores da perna de pau.

De certo modo os caras que mandavam na Big N estavam errados quanto a não acreditar que o CD seria a mídia mais utilizada e de certa forma padrão nos consoles do futuro, mas não podemos negar que eles tinham um pouco de razão em não ter avançado no projeto com a Sony.

Como ficou provado naquela época, os programadores ainda não conseguiam ou não possuíam ferramentas  e tecnologia adequadas para extrair todo o potencial da mídia em CD. Mesmo o 3DO lançado um tempo depois e que foi desenvolvido desde o início baseado nessa tecnologia sofria com muitos games que nem de longe aproveitavam todo o seu potencial. Além disso, o drive seria periférico do Super Nintendo, e como foi dito, este estaria sujeito às limitações que o hardware do console pudesse vir a impor, as chances de o acessório ter um destino semelhante ao do Sega CD eram grandes (é nisso que eu acredito).

Talvez se a Nintendo tivesse seguido em frente com o projeto, hoje poderia não existir o PS2 e PS3 pois, tivesse o periférico dado certo ou não, o PlayStation possivelmente não teria sido lançado. E se tivesse sido um fracasso, talvez a Sony pudesse até mesmo ter abandonado o mercado de games, quem sabe?

Mas felizmente isso não ocorreu e a Sony desenvolveu sua plataforma, usando a ótima tecnologia RISC e os chips da LSI Logic, tornando a programação muito mais simples, chamou um monte de empresas bacanudas pra fortalecer sua prole e os acordos com Namco e Square renderam frutos excepcionais e com isso ela pode bancar os mundos e fundos que havia prometido as desenvolvedoras.

Mas e aí? O que diabos toda essa ladainha tem a ver com o N64 usando CD’s como diz lá no título?

O fato é que, com o fracasso do CDi, os chefões da Nintendo aparentemente começaram a acreditar que os CD’s seriam mesmo uma furada, e que os cartuchos ainda reinariam por um longo tempo. Ou talvez por acreditar que se uma gigante como a Nintendo lançasse um console usando cartuchos, as empresas não teriam escolha senão produzir games nesse tipo de mídia se quisessem seus títulos rodando na plataforma. Mas pra isso essa plataforma tem que vender bem, senão ...

A Nintendo acreditava que o N64 seria um sucesso, e ele foi, até certo ponto. No inicio seus games recebiam ótimas criticas como Super Mario 64, GoldenEye 007, Banjo Kazzoie etc., e suas vendas eram muito boas apesar de tanto console como jogos serem mais caros que a concorrência. Porém, com o passar do tempo as desenvolvedoras foram se aperfeiçoando, e os games de PSX já não eram mais tão inferiores aos do 64 bits da BigN, e empresas já começavam a focar seus investimentos no 32 bits da Sony. De fato, algumas preferiram esperar pra ver o que ia acontecer, caso da Capcom que demorou um bom tempo pra desenvolver algum game para N64, deixando os donos da plataforma quase loucos (entre eles este que vos fala).

Quando o PSX passou a dominar o mercado, a única coisa que segurava as pontas no N64 era Pokemon. Felizmente Ocarina of Time não foi tão obscurecido pelo declínio que começava a abater o console.

Mas então, e se os cabeças da Nintendo tivessem acreditado nos CD’s, e se tivessem perdido um pouco do medo dos pernas de pau com olhos de vidro? E SE o Nintendo 64 tivesse sido desenvolvido usando CD's como mídia?

Muitos acreditam que a Nintendo teria esmagado a Sega se tivesse ido adiante com o projeto do disk drive com a Sony, não acredito nisso, pra mim o drive do SNES fracassaria. A Nintendo teria sim, esmagado a concorrência se tivesse lançado o Nintendo 64 usando CD’s, é no que eu acredito!

A principal vantagem do CD sobre os cartuchos era seu custo mais baixo, ao passo que possui uma capacidade de armazenamento muito maior, logo de cara o console não teria essa desvantagem. É claro, essa capacidade é finita, ou seja no máximo 700MB, mas mesmo games que utilizassem três ou até quatro CD’s ainda acabavam saindo mais baratos que um cartucho de 128 megabits por exemplo, um tamanho até que razoável para um jogo do N64 e que poucas empresas que não a própria Nintendo e second parties, se arriscavam a produzir.

A Sony conseguiu criar uma boa base para sua plataforma realizando acordos com tradicionais empresas do ramo, entre elas as que mais se destacam eram Squaresoft (atual Square-Enix) e Namco.

Apesar da Square na época ter divulgado que estava cortando relações com a BigN por causa da insistência de empresa em trabalhar com cartuchos, todos sabemos que a Sony pagou rios de dinheiro pra ter Final Fantasy rodando no seu console. Porém, pouca gente sabe, mas Final Fantasy VII estava sendo inicialmente programado nos primeiros kits de desenvolvimento do N64, quando este ainda era chamado Project Reality (algumas informações sobre isso aqui).


 
 No video você confere um demo de uma possivel versão de Final Fantasy VI poligonal supostamente feito utilizando-se das ferramentas do Project Reality e que teria dado origem ao desenvolvimento de FFVII

Mesmo a Nintendo tendo estipulado algumas regras um tanto exigentes demais para a criação de games para o seu console, (um dos motivos que manteve a Capcom longe por um certo tempo) é óbvio que empresa nenhuma iria desprezar um console que tivesse um grande potencial e que vendesse bem. FFXIII foi lançado pra X360 não somente porque a Microsoft pagou (e muito) pelo título, mas porque ele venderia (e muito) naquela plataforma.

Desta forma, podemos imaginar o que teria acontecido com os principais games daquela época. Para inicio de conversa, a Capcom estaria desenvolvendo para o console desde o inicio. Mesmo que inicialmente seus games fossem desenvolvidos para PSX e Saturn, seria inevitável as conversões para o N64. Com isso, games como Resident Evil, Megaman 8 e Dino Crisis teriam versões melhoradas rodando no 64 bits, o que poderia levar a empresa a lançar as sequências diretamente para esta plataforma ficando PSX e Saturn com versões inferiores, o que nós chamamos de “demake” hoje em dia, (mais ou menos o que acontece com o Wii quando recebe conversões de games do PS3 ou X360).

A Konami por exemplo teria games como Castlevania Symphony of the Night e Metal Gear Solid sendo inicialmente desenvolvidos para o 64 bits da Nintendo, ao invés daqueles games mais “experimentais” que ela lançou na plataforma, como o Castlevania 64 e (ugh) Hybrid Heaven, excetuando neste caso, os games de futebol claro.
Com isso outras empresas seriam atraídas para a plataforma e começariam a focar seus investimentos na mesma, como aconteceu com o PSX, porém até mesmo com mais rapidez, pois se tratava de um console de uma empresa tradicional no mercado e que de fato possuía mais capacidade de processamento que os concorrentes. Assim games como Tomb Raider, The Need for Speed, Destruction Derby, Tony Hawks Pro Skater, Legacy of Kain, Medal of Honor, entre tantos outros seriam inicialmente idealizados, desenvolvidos e lançados primeiro no 64 bits.

Só aí o console já teria uma larga vantagem sobre os concorrentes, e observe que não citei os games da própria Nintendo e suas second parties, como a Rare. Eu gostava de imaginar naquela época como seriam games como Super Mario 64, The Legend of Zelda, Banjo Kazooie com imagens em CG, ou então GoldenEye 007 com cenas retiradas diretamente do filme, hoje não acho que seria tão legal, penso que os games que citei são únicos pelo fato de serem como são, mas aí é outra história.

De fato muita coisa teria sido diferente, nós sabemos que a Nintendo tem uma política de tentar manter um console o máximo de tempo possível com vida útil, enquanto que com isso pode aperfeiçoar ao máximo a tecnologia do sucessor. Com efeito, se não fosse a Sega começar a incomodar com seu Mega Drive, podemos dizer que a Nintendo teria segurado o lançamento do SNES por pelo menos mais uns dois a três anos.

Um pouquinho de especulação

Muito bem, se o N64 estivesse dominando o mercado, e naturalmente a Nintendo tencionasse mantê-lo por mais tempo em vida útil, isso já acarretaria em uma série de outros acontecimentos no mundo dos games.

Tanto Sega quanto Sony estariam desesperadas para lançar um novo console ou algo que pudesse aperfeiçoar o Saturn e PlayStation, se bem que a Sega não conta muito, ela sempre foi desesperada pra lançar periféricos ou consoles novos, com isso, talvez Dreamcast e PS2 tivessem debutado mais cedo. Todos nós sabemos que fim teve o Dreamcast por isso não preciso comentar muito, mas nesse caso não poderíamos prever o que seria o PS2 se este tivesse sido lançado mais cedo do que foi. Será que teria uma tecnologia adequada e aperfeiçoada o suficiente devido ao possível adiantamento nos planos da Sony? Será que teria feito o mesmo sucesso? Ou será que teria sido da mesma maneira como ocorreu? Será? Hein? Hein? Bem, não há como saber. Mas algumas coisas, podemos especular.

Perdendo mercado no ramo dos consoles, e o sucesso avassalador que era Pokemon, talvez a Sony pudesse ter tentado investir nos portáteis, isso poderia ter feito a Nintendo dar um upgrade mais consistente no Game Boy ao invés das melhoras mais “discretas” da versão color. A Nintendo poderia até mesmo ter acelerado o desenvolvimento do Project Atlantis que culminou na produção do Game Boy Advance, da mesma forma não dá pra dizer se este se daria tão bem quanto o portátil que conhecemos, mas pode-se dizer que também contribuiria para manter o N64 por mais tempo no mercado, pois com certeza ele teria algum tipo de conexão com o console, como já acontecia com o Game Boy Color e como ocorreu com o GameCube.

Pois bem, se o Nintendo 64 fosse de fato o grande console de sua época e tivesse ficado mais tempo no mercado, chegamos ao ponto onde eu mais gostava de deixar a imaginação viajar e divagar em como as coisas seriam “SE”...

O revival do Street Fighter doméstico!

Com uma plataforma de 64 bits bastante potente dominando o mercado, nós teríamos grande chance de ver uma espécie de revival do que foi a conversão de Street Fighter 2 dos arcades para os consoles domésticos. Ninguém me tira da cabeça que a Capcom teria trazido seu Street 3 para o console se este estivesse com boas vendas na época, até acredito que a Nintendo novamente faria um acordo com a Capcom para trazer o game da então poderosa CPS3 para o seu console, exatamente como foi com o Super Nintendo e Street Fighter 2. Novamente veríamos inúmeros discursos dos mais céticos, que apostariam que a conversão não ficaria a altura do original, exatamente como foi no passado.
Acredito que seria possível sim o console rodar SF3 de maneira aceitável como o Super Nintendo foi capaz de fazer com SF2. E isso talvez tivesse ajudado a popularizar mais a série SF3, quem sabe até pudéssemos ter xingado a Capcom por lançar um “Super Street Fighter 3X Alpha Turbo” ao invés de lançar de uma vez SF4, exatamente como fazíamos na época de Super Street 2.

Enfim, se ainda assim tudo isso tivesse ocorrido de forma totalmente diferente do que descrevi aqui, pelo menos uma coisa eu tenho certeza, o Nintendo 64 teria tido um Street Fighter no currículo, pois se formos reparar, ele é um dos poucos que não teve nenhum game da série, e isso é uma mancha na história desse meu querido console que me causa imensa tristeza (risos).

Também podemos citar várias outras coisas, por exemplo, duvido que a Nintendo sequer tivesse pensado em lançar o 64DD. O “pequeno Titanic da Nintendo” como foi chamado pela revista SuperGamePower na época de seu lançamento. Ele não teria utilidade alguma, já que a idéia do periférico era contornar o problema da baixa capacidade de armazenamento dos cartuchos. Ou talvez uma possível mudança nas diretrizes da Nintendo quanto a games mais adultos, pois com games como os já citados Resident Evil e Metal Gear Solid, veríamos cada vez mais títulos do gênero sendo lançados para a plataforma, forçando a empresa a rever seus conceitos, como acabou fazendo de fato, no final da vida do console, com games como Resident Evil 2 e Sin and Punishment.

Enfim, é sempre divertido ficar imaginando o que teria acontecido se as coisas tivessem sido diferentes, e é mais ou menos isso que esse texto tenta fazer, convidar você leitor a fazer o mesmo.
O Nintendo 64 usando CD’s é o tema que mais gosto e apesar de a maioria ficar imaginando o que teria acontecido se a Nintendo não tivesse seguido em frente com a idéia de entrar no mercado americano com o NES, ou se o Jaguar tivesse dado certo e a Atari ainda estivesse no mercado de hardware, ainda acho que este exemplo é o que causaria mais mudanças no mercado como o conhecemos hoje, simplesmente por ser mais palpável imaginar os acontecimentos decorrentes deste fato nos dias de hoje.

Mas fica aí a dica, o que teria acontecido se o Jaguar tivesse vingado? Alguém se habilita a imaginar?

1 comentários:

Anônimo disse...

Algo a se pensar e muito,
E muitos e se...
Mais eu acho que o unico que daria certo seria o do Nintendo 64 pois era um hawdare mais capaz e conseguiria um resultado satisfatório como o psx.

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